Francisco Alves
Se tudo correr conforme o esperado, ao final do primeiro trimestre de 2024 a Bahia Nickel terá concluído sua primeira estimava de recursos conforme as normas NI 43.101 e poderá partir para a abertura de capital na TSX-V, em Toronto, a fim de custear a possível implantação de uma nova mina de níquel sulfetado no Brasil, o projeto Mangueiros, localizado nas proximidades do município de Campo Alegre de Lourdes, na Bahia.
Atualmente a companhia, que foi eleita como Empresa do Ano do Setor Mineral na categoria Pesquisa Mineral, está empenhada em completar uma campanha de 10 mil metros de sondagem, para detalhamento da malha, o que deverá ser concluído por volta de janeiro/fevereiro do próximo ano. Na sequência, deverá anunciar estimativas de recursos de acordo com os preceitos NI 43.101, que é a norma canadense para reportar recursos e reservas minerais, o que dará condições para a empresa partir para um IPO (oferta pública inicial de ações).
De acordo com Elton Pereira, Country Manager da companhia, as expectativas com relação ao depósito de Mangueiros são muito positivas. O projeto foi adquirido em 2021 através de licitação da CBPM (Companhia Baiana de Pesquisa Mineral), que possui os direitos minerários. “Identificamos essa oportunidade, achamos o projeto muito interessante quando tivemos acessos aos dados que a CBPM disponibilizava. Ela tinha feito 22 furos de sondagem, num total de 3.051 metros, que eles concluíram no ano de 2016 e estavam tentando atrair empresas que pudessem se interessar pelo projeto. Fizemos visitas de campo, revisamos testemunhos que estavam no galpão da CBPM, em Salvador, confirmamos a existência de mineralização contínua sulfetada de níquel, cobre e cobalto em pelo menos 8 furos que se distribuíam ao longo de mais ou menos 1.300 metros, longitudinalmente, dentro de um corpo ultramáfico, o que dava uma ideia de que podia ser significativo, em termos de tamanho, com uma estimativa de largura na faixa de 400 a 500 metros, com mineralização se estendendo de forma contínua desde a zona de contato da zona de oxidação com a rocha fresca, por volta dos 20 metros de profundidade, até o contato da rocha ultramáfica com as rochas do embasamento. “Eram intersecções de 150 a 250 metros completamente mineralizadas”, diz o experiente geólogo. “Aliado a essas indicações – , acrescenta –, percebemos que o corpo poderia ter uma geometria bastante favorável. Os indicativos eram de que o corpo mineral se posicionava muito próximo da superfície, como de fato está, sendo recoberto por uma zona de rochas ultramáficas oxidadas e também mineralizadas, em uma região realtivamente aplainada. “Existem apenas dois afloramentos bem evidentes dessa ultramáfica que está saprolitizada em superfície. Mas o que se percebia era que havia essa possibilidade de o corpo ser horizontalizado, estar próximo à superfície, o que poderia indicar, desde as primeiras impressões, estarmos lidando com um depósito mineral que, ao ser lavrado, teria relação estéril:minério muito baixa”. Esses foram os dois pontos que chamaram a atenção da equipe da Bahia Nickel desde o início, ou seja, a continuidade de extensa mineralização ao longo dos furos, e ao longo da seção longitudinal de mais de 1.300 metros, onde os oito furos estavam distribuídos, com espaçamentos entre 200 e 250 metros de um para o outro, dando a ideia de que a mineralização encontrava-se em aberto em todas as direções. Até agora, segundo Pereira, a Bahia Nickel empresa investiu cerca de US$ 3,5 milhões e a expectativa é que, até o eventual IPO da empresa, seja investido um total de aproximadamente US$ 9 milhões. Inicialmente, a ideia era levar o projeto para dentro do portfólio da Appian Capital Advisory. Eentretanto, como seus fundos têm suas aplicações mais voltadas a projetos em estágio mais avançados e maduros, isso não foi possível. A alternativa, então, foi a criação de um fundo à parte, com investidores privados que decidiram apostar no projeto, o que resultou na criação da Bahia Nickel. “A CBPM colocou o projeto em licitação, nós participamos desse processo de licitação que ocorreu em setembro de 2021, vencemos e em dezembro de 2021, antes do Natal, assinamos o contrato. Em janeiro de 2022 iniciamos o nosso programa de pesquisa, promovemos detalhamento de pesquisa geoquímica de solo, mapeamento com mais detalhe, sondagem rotativa diamantada e levantamento geofísico magnético com drone, nos alvos principais. No ano de 2022 para 2023, completamos um programa com 8.052 metros de sondagem no projeto como um todo”, narra o geólogo.
Veja a matéria completa na edição 434 de Brasil Mineral.