A profissão de ator é uma janela de possibilidades. Pelo menos é assim que Emílio Dantas enxerga seu trabalho no dia a dia. Além de viver histórias e personas diferentes a cada novo projeto, o ator também experimenta oportunidades quase impossíveis diante das câmeras. No elenco da série “Fim”, que acaba de chegar ao Globoplay, Emílio avançou uns bons anos no tempo ao se olhar no espelho como o paquerador Ribeiro. A obra, que se passa num período entre 1968 e 2012, é dividida em quatro fases que abrangem a juventude, a maturidade e a velhice dos personagens. “Foi muito maneiro me ver já um pouco idoso. Essa profissão é legal por isso. A gente experimenta todas as possibilidades possíveis e impossíveis. Fantasiosas ou não. Foi uma delícia me ver mais velho. Só era trabalhoso passar mais de duas horas na caracterização. Espero ficar melhor que o Ribeiro na velhice porque eu fiquei bem destruído em cena (risos)”, explica.
Baseada no livro homônimo de Fernanda Torres, a história começa com a morte de Ciro, papel de Fabio Assunção, o membro mais admirado de um grupo de amigos, que acaba sozinho numa cama de hospital. Nos tempos dourados, se apaixonou perdidamente por Ruth, de Marjorie Estiano, com quem se casou. O solteirão mais atlético do grupo, Ribeiro, também cai de amores por Ruth. Acostumado a se envolver com meninas bem mais novas, passa a vida à sombra de Ciro, servindo de plateia para o relacionamento do amigo. “Uma coisa que posso dizer é que todo mundo morre no final (risos). A série, na verdade, fala sobre amizade, confiança, traição, amor e morte. É uma trama muito bem amarrada. A Fernanda é uma autora com um texto bem específico”, aponta.
Até chegar ao momento de acompanhar a série no Globoplay, Emílio passou por alguns percalços. O ator começou a gravar a produção ainda em 2020. Os trabalhos, no entanto, foram paralisados com a expansão da pandemia de Covid-19. “Paramos de gravar quando estávamos fazendo cenas em um cemitério. Ficamos na expectativa da volta. Nunca sabíamos se iriamos concluir o trabalho ou não. Foi algo bem inusitado ao longo desse projeto”, relembra.
Além de toda a expectativa pela retomada dos trabalhos, Emílio também passou por um complexo período de construção do personagem. Para viver Ribeiro idoso, o ator precisou desacelerar seu tempo de interpretação diante das câmeras. “Precisei respirar mais devagar, andar mais lentamente, falar mais pausadamente… Manter isso o tempo todo é bem complexo. O audiovisual é muito rápido e ágil, né? Exigiu bastante atenção em cena”, ressalta.
“Fim” – episódios inéditos disponibilizados toda quarta, no Globoplay.
Além das páginas
Antes de integrar o elenco de “Fim”, Emílio Dantas já havia lido a obra escrita por Fernanda Torres. Ele até começou a reler ao ser escalado para a série, mas rapidamente percebeu que seria um erro. “Vi que o roteiro da série era bem diferente do livro. O livro, por exemplo, setorizava cada personagem por capítulo. A série, no entanto, precisava de outro ritmo. Foi bom porque tive contato com dois trabalhos diferentes da Fernanda”, explica.
Na história, Ribeiro tem algumas atitudes pouco éticas ou desleais. Emílio, porém, acredita que a trama apresente personagens muito reais, que vão além do conceito de vilão ou mocinho. “Acho que o elenco todo em algum momento desperta essa indignação do público. Em ‘Vai na Fé’, as pessoas reclamavam do Theo para mim. Agora, se eu cair, não vou cair sozinho (risos)”, aponta.
Instantâneas
# Por conta da caracterização de Ribeiro, Emílio precisou cobrir suas tatuagens com maquiagem durante todas as fases da série.
# Recém-saído do elenco de “Vai na Fé”, o ator chegou a receber ameaças por conta das vilanias de Theo.
# Emílio é casado com a atriz Fabiula Nascimento. Eles são pais dos gêmeos Roque e Raul.
# Antes de se dedicar ao teatro, Emílio se aventurou pelo mundo da música. Acabou juntando as duas coisas ao interpretar Cazuza no palco.
EMÍLIO DANTAS, o Ribeiro de “Fim”, da GloboPlay | Caroline Borges | TV Press