Foram 12 palestras, mais de 40 contações de história e 15 espetáculos teatrais, além de apresentações culturais de dança e música em 130 horas de programação. A primeira edição da Bienal Internacional do Livro de Jaraguá do Sul encerrou neste domingo (29), exaltando a cultura húngara depois de 11 dias de eventos sobre literatura nacional e internacional e debates sobre tendências do empreendedorismo e negócios. A próxima Bienal Internacional está confirmada para 2025.
Durante a primeira edição, o público acompanhou de perto autores de renome nacional e internacional em uma programação totalmente gratuita que homenageou a Hungria, país com forte presença em Jaraguá do Sul, que tem mais de 15 mil descendentes e um consulado honorário. Vieram pela primeira vez a Santa Catarina nomes como Krisztina Tóth, escritora húngara que lançou seu primeiro livro traduzido para o português, e András Szántó, um dos mais importantes consultores em arte e museus do mundo.
Na cerimônia de encerramento, após uma série de apresentações de danças típicas da Hungria, o diretor de Programação Artística e Internacional, Carlos Henrique Schroeder, discursou. “Agradecemos todos os parceiros e amigos que fizeram parte desta trajetória. Nossas parcerias, SCAR e Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (ACIJS), os patrocinadores, além do entusiamo de todos da prefeitura e governo do Estado. E as pessoas mais importantes: o público que prestigiou todas as atrações. Foram mais de 40 contações de histórias. Grandes nomes. Onze dias muito intensos. Deixamos um legado. Estamos muito orgulhosos”, comemorou.
Com o tema “Como viver junto”, a Bienal trouxe ainda a Jaraguá do Sul escritores e especialistas como Martha Gabriel, Nathália Rodrigues (Nath Finanças), Christian Dunker, Nuno Ramos, Clarice Martins Costa, Carolina Casarin, Natália Timerman, Alê Garcia, Pedro Augusto Baía e Zsuzsanna Spiry. Além dos catarinenses Ieda Magri, Michelli Provensi, Fernando Boppré e Sidnei Marcelo Lopes. As palestras discutiram temas de relevância como inteligência artificial, planejamento financeiro, negritude e saúde mental. O público conferiu também apresentações teatrais e de música, contação de história, entre outros eventos culturais e lançamentos de livros.
“A programação permitiu o diálogo entre diferentes áreas, trouxemos assuntos que são essenciais hoje para o desenvolvimento cultural e econômico. Pensamos em conectar as características de Jaraguá do Sul, um município marcado pela cultura e pelo empreendedorismo”, destacou o coordenador da Bienal Internacional do Livro de Jaraguá do Sul, João Chiodini. Confira alguns destaques das palestras:
Inteligência Artificial nos negócios
Ícone multidisciplinar na América Latina nas áreas de negócios, tendências e inovação, Martha Gabriel falou na Bienal sobre o futuro do uso de inteligência artificial no mundo corporativo. Em uma visão otimista, a especialista defendeu a necessidade de compreender a tecnologia e o uso de dados, para que eles possam ser utilizados de uma forma ética, benéfica nos negócios. Segundo ela, profissionais devem se atualizar para entender o potencial da IA no dia a dia. “O pensamento crítico é o que vai fazer você capturar dados. Esse pensamento é o que faz questionar o que está acontecendo”, afirmou. Martha é autora dos best-sellers “Marketing Na Era Digital”, “Educar: A (R)Evolução Digital na Educação” e “Você, Eu e os Robôs”, duas vezes finalista do Prêmio Jabuti.
Negritude e diversidade para contar histórias
Um dos 20 Creators Negros mais Inovadores do Brasil, Alê Garcia trouxe o tema cultura e negritude para a sua palestra. Criador de conteúdo e publicitário, ele é especialista em criatividade. Para o especialista, a maneira como pessoas negras são apresentadas na mídia constrói narrativas. Portanto, é necessário um olhar crítico e de inclusão. “Ninguém é o que não vê. Então se uma pessoa negra não se vê em determinadas funções, uma criança negra não vai sonhar com aquilo”, disse. Como escritor, conquistou o Prêmio Fundação Biblioteca Nacional e foi finalista no Prêmio Jabuti com o livro de contos “A Sordidez das Pequenas Coisas”. É ainda fundador da Casablack, empresa multiplataforma de conteúdo, de criação, gerenciamento de carreira de talentos negros e desenvolvimento de branded services.
Finanças pessoais é assunto da família toda
Nascida e criada na periferia de Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense (RJ), Nath Finanças falou em sua palestra na Bienal sobre planejamento financeiro. Em Jaraguá do Sul, a empresária, administradora, escritora e youtuber lançou o livro “O Plano Perfeito”, ilustrado por Ziraldo. Em sua fala, Nath defendeu a necessidade da educação financeira desde a infância como uma forma de empoderamento e também para a saúde mental das pessoas. “Falar sobre educação financeira com as crianças, e também com adultos, é normalizar uma conversa que precisamos ter sobre dinheiro, até para não cairmos em armadilhas que muitas vezes trazem aperto no final do mês”, afirmou
Importância de viver o luto
O psicanalista brasileiro, professor e autor, Christian Dunker falou em sua palestra sobre lutos finitos e infinitos, trazendo uma relevante reflexão sobre como elaboramos as perdas ao longo da vida. “O luto não é perder uma pessoa. O luto é sobre reconstruir o afeto. Quando a gente perde uma ideia ou um projeto também é um luto! O adolescente vive o luto de perder a infância, por exemplo. O mundo de criança morre. E, você entra em um novo mundo”, pontuou. Dunker é autor de “Lutos finitos e infinitos”. Segundo ele, o tempo de duração de um luto é único para cada pessoa e todo processo possui suas etapas que precisam ser respeitadas. Todo apoio é importante para a reconstrução.
Museus mais próximos das comunidades
O sociólogo e escritor húngaro András Szántó apresentou seu livro “O Futuro dos Museus”, uma obra concebida durante a pandemia do Covid-19, em que apresenta entrevistas com 28 profissionais da museologia de referência internacional. Szántó mostrou exemplos inspiradores de como os museus estão se renovando e se aproximando cada vez mais de suas comunidades. “O museu está evoluindo de um simples edifício para ser vivenciado em múltiplas plataformas. Deixou de ser um mero templo para se transformar em um espaço de convivência”, ressaltou. Para entender os caminhos possíveis para a construção de um museu empático, agregador e relevante, Szántó entrevistou curadores e diretores de alguns dos mais importantes museus de todos os continentes – entre eles o brasileiro Adriano Pedrosa, do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Conexão com a literatura húngara
Krisztina Tóth, escritora multipremiada e uma das principais autoras húngaras da nova geração, com mais de 30 livros publicados, abriu a agenda de lançamentos da versão brasileiro do livro “Pixel” em Jaraguá do Sul. Pela primeira vez na América Latina, a escritora falou sobre experiências de carreira e as características da literatura da Hungria. Segundo ela, apesar de o país ter ganhado renome internacional, ainda é notável a predominância masculina na escrita, sendo imperativo que mais vozes femininas representem o país. “Na Hungria, a representação é desproporcional, temos ainda poucas autoras húngaras. Eu acho que isso vai mudar. E percebo que em muitos outros lugares isso nem é mais um tema”, enfatizou.
Sobre a Bienal Internacional do Livro de Jaraguá do Sul
A Bienal Internacional do Livro de Jaraguá do Sul busca unir literatura, arte e dialogar com o perfil empreendedor da região, criando novas conexões. O evento é uma realização da Design Cultural, SCAR e Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (ACIJS). Também conta com apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Jaraguá do Sul. A promoção é da Fundação Catarinense de Cultura, através do Programa de Incentivo à Cultura, do Governo do Estado. E, a iniciativa conta ainda com patrocínio das empresas: Havan, Malwee, Indumak, Urbano. Tirol, Lunelli, Zanotti, Bold, Live, Condor e Maahs.
Saiba mais
Bienal Internacional do Livro de Jaraguá do Sul
Site oficial: www.bienaljaragua.com
Redes Sociais: www.instagram.com/bienaljaragua
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