A pesca e caça de seis peixes não nativos na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, no Pantanal do Mato Grosso do Sul, estão permitidas até o dia 5 de novembro. A medida faz parte de uma campanha de controle das espécies exóticas no Pantanal realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama-MS), o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) e da Polícia Militar Ambiental.
De acordo com o analista ambiental do Ibama-MS Reginaldo Yamaciro, a campanha pretende incentivar os pescadores amadores e esportivos a caçar os peixes exóticos que invadiram a bacia do Pantanal, não os devolvendo aos rios.
“O objetivo da campanha é alertar e orientar os pescadores amadores esportivos que vem pescar no Pantanal a não soltarem essas 6 espécies de peixes exóticos alvos da campanha, que são: os 2 tipos de tucunaré, o azul e o amarelo, a pirarara, a corvina, o tambaqui e o tambacu. Esses peixes não podem serem soltos. O pesque e solte está tão entranhado no procedimento dos pescadores amadores e esportivos que a gente percebeu que eles estavam capturando essas espécies exóticas e devolvendo ao rio. O pesque e solte é somente para as espécies nativas. As espécies exóticas têm que ser retiradas”, ressalta.
Segundo o analista ambiental, a iniciativa pretende reduzir a população dessas espécies. “Essas espécies exóticas não fazem parte da bacia do Alto Paraguai, bacia do Pantanal. E essas espécies estão interferindo ou vão interferir em algum momento na reprodução das nossas expectativas e no ambiente das nossas nativas. Então, por isso é importante fazer essa redução de população. Para essas espécies não tem cota, não tem tamanho máximo, não tem quantidade, pescou, tirou”, explica.
Yamaciro ainda destaca as espécies exóticas que estão mais ocorrendo no Pantanal. “Os dois tipos de tucunaré, tanto o azul quanto o amarelo. A corvina está há muitos anos aqui, o pessoal achava que ela era até nativa. O tambaqui também está ocorrendo bastante no rio Paraguai, no rio Miranda. A pirarara, que ela começou a ser observada 10 anos atrás, que é um grande bagre do Araguaia Tocantins. É um peixe que vai dar muito problema nas nossas espécies ativas aqui, porque é um peixe muito grande, um carnívoro que vai competir com os nossos grandes predadores dos rios, que são o pintado, cachara ou dourado e o jaú”, diz.
Dentre os princípios rios da bacia do Alto Paraguai, onde são permitidas a pesca e caça das espécies exóticas estão: o Rio Miranda, Rio Paraguai, Rio Aquidauana, Rio Taquari e o Rio Coxim.
Conforme o analista ambiental do Ibama-MS, durante o período de defeso da piracema a pesca tanto de espécies nativas, quanto as exóticas nos rios de todas as bacias hidrográficas do estado, é proibida. Somente em fevereiro de 2024, na calha do Rio Paraguai o pesque e solte de espécies nativas e a pesca e caça das espécies exóticas volta a ser permitida.
Piracema no Mato Grosso do Sul
O período de defeso da piracema no estado inicia no dia 5 de novembro. Durante o período, as espécies realizam a migração rio acima em busca de ambientes adequados para realizar a reprodução. A atividade durante a piracema é considerada como pesca predatória e crime ambiental, podendo ser aplicadas multas e até prisão.
No entanto, de acordo com o coordenador de Meio Ambiente da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Mato Grosso do Sul (Semadesc-MT), Pedro Mendes Neto, a pesca de peixes exóticos está permitida em alguns reservatórios do estado.
“Os peixes exóticos aqui nos rios do estado, durante a Piracema acabam ficando protegidos também porque não se pode pescar nesses rios, mas nos reservatórios da calha do Rio Paraná, Ilha Solteira, Jupiá, Porto, Primavera e de Itaipu. Nesses reservatórios é permitida a pesca dos exóticos como o tucunaré, corvina, porquinho e tilápia. Tem uma lista de umas 20 espécies de exóticos existentes nesses reservatórios — e que a pesca é permitida mesmo durante a piracema. A pesca amadora e comercial também, desde que seja dessas espécies exóticas”, explica.
MS: defeso da Piracema inicia em 5 de novembro nos rios do estado