Muitos pacientes após o tratamento oncológico ou mesmo aqueles que nasceram com malformação ou que em algum momento da vida tiveram uma mutilação facial, devido a outro tipo de doença ou acidente, deixam etapas da vida de lado, como a socialização com familiares e amigos ou até mesmo o trabalho, devido ao constrangimento com a deformidade. Pensando nessas pessoas, foram desenvolvidas as próteses bucomaxilofaciais, que estão ganhando cada vez mais espaço no Brasil.
A cirurgiã-dentista e pós-doutora em odontologia, Dra. Roberta Stramandinoli Zanicotti, responsável pelas áreas de estomatologia, odontologia oncológica e reabilitação bucomaxilofacial do Instituto OncoYart, explica que elas são indicadas para pacientes que perderam parte do rosto e precisam ser reabilitados. “As próteses bucomaxilofaciais são utilizadas para reabilitar a estética e a funcionalidade dos órgãos perdidos, além de proteção dos tecidos afetados. São divididas em dois grupos, as intra e as extraorais. As intraorais são indicadas para pacientes que tiveram mutilações nos ossos maxilares, sendo a mais comum a prótese obturadora de palato. Já as próteses faciais, ou extraorais, envolvem nariz, orelhas, olhos, oculopalpebral e outras áreas da face.”
Pacientes com câncer de cavidade oral, principalmente no caso de câncer no céu da boca, muitas vezes apresentam após o tratamento uma comunicação entre as cavidades bucal e nasal, ocasionando dificuldade na fala, alimentação, respiração e socialização. As próteses intraorais obturadoras de palato são indicadas para estes pacientes e trazem muitos benefícios. Além de restaurarem a parte perdida, trazem estética e função para o paciente, uma vez que fecha a comunicação e evita o refluxo de líquidos e sólidos para a cavidade nasal, além de melhorar a voz do paciente, permitindo que ele retorne às suas atividades sociais sem dificuldades de comunicação.
Confecção das próteses
Cada paciente é único e por isso é tratado de forma individualizada. É preciso avaliar detalhadamente o paciente e planejar uma solução individual, usando técnicas específicas, tecnologia 3D e muita arte. “Após a moldagem da área afetada, inicia-se a escultura em cera, que é usada como uma prova para o paciente e posteriormente transformada em uma prótese de silicone, dotada das características e da cor da pele do paciente, de maneira artística”, destaca Dra. Roberta Stramandinoli Zanicotti.
Vale ressaltar que a moderna tecnologia, como fotografias digitais e tomografias computadorizadas auxiliam no planejamento para que as peças produzidas alcancem resultados ainda melhores. A cirurgiã-dentista explica que também é possível utilizar-se das técnicas de manufatura aditiva e impressão 3D, fazendo planejamento virtual, impressão de biomodelos e protótipos em resina, trazendo maior previsibilidade às próteses finais.
Benefícios para os pacientes
Existem diversos benefícios para o indivíduo que é reabilitado com uma prótese bucomaxilofacial. Além da restauração da estética do órgão perdido, ele tem a proteção da região que está mutilada, o restabelecimento de algumas funções, dependendo do local da prótese, como as intra-orais. Quando se fala de próteses faciais, é valorizado não somente a questão estética, mas também a socialização. Após a instalação da prótese, o paciente recupera a sua identidade, harmonia facial, autoestima, amor próprio e coragem para seguir em frente após vencer uma fase tão difícil, sem o estigma do câncer estampado no rosto. “A reabilitação protética faz parte do tratamento oncológico e deve ser ofertada oportunamente em centros de tratamento oncológicos. O atendimento deve ser multi e interprofissional, com terapias complementares, como nutrição, fonoaudiologia e fisioterapia, psicologia, entre outras”, enfatiza Dra. Roberta.
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