Nesta terça-feira (17), o Rio Negro registou o nível de 13,49 metros em Manaus, superando a maior seca histórica anterior, que aconteceu no dia 24 de outubro de 2010, quando o rio desceu para 13,63 metros. Barcelos, São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Manaus, municípios próximos ao Rio Negro, declararam situação de emergência devido à estiagem.
A seca de 2023 é a maior já registrada em Manaus em 121 anos, de acordo com o Porto de Manaus, que mede o nível do Rio Negro na capital desde 1902. Até hoje, as secas mais severas ocorreram em 2010 (13,63m), 1963 (13,64m) e 1906 (14,20m).
Segundo Naiane Araujo, meteorologista no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão do tempo para os próximos dias no Amazonas indica algumas pancadas de chuva pontuais, mas de forma irregular, no norte do estado, especialmente em áreas de divisa com Roraima, Pará e na região metropolitana de Manaus.
“Podem receber sim algumas pancadas de chuva passageiras e de curta duração. A expectativa de volume não é muito grande. Então chuvas típicas de primavera, verão, às vezes até bem forte, principalmente entre a tarde e noite, mas que não trazem aquele alívio que a região precisa, já que está passando por um período longo de escassez de chuva significativa”, informa Araujo.
Ela destaca que esse é o cenário até o final de semana, entre os dias 21 e 22 de outubro, no Amazonas, incluindo a região metropolitana de Manaus, onde fica o Rio Negro.
O Rio Negro encontra-se com o Rio Solimões, bacia que banha nove cidades amazonenses. Juntos, os dois formam o Rio Amazonas.
Em Médio Solimões, a cota registrada nesta terça-feira (17), em Fonte Boa, foi de 10,36 metros. Em Baixo Solimões, em Careiro da Várzea, foi de 2,32 metros e em Alto Solimões, -0,64, no município de Tabatinga.
Governo Federal mobiliza esforços para enfrentar incêndios florestais no Amazonas
Veja os rios do Amazonas:
Impactos
Segundo o especialista Eduardo Galvão, professor de Políticas Públicas do Ibmec Brasília, os impactos da seca no Norte do país são variados. Eles incluem a queda na economia devido aos prejuízos no agronegócio, dificuldades de navegação devido à redução dos níveis dos rios, aumento de incêndios florestais e também perdas no setor pecuário, incluindo o gado e a pesca.
“Para amenizar a situação, o governo pode implementar medidas como investir em sistemas de irrigação para agricultura, promover o reflorestamento para ajudar a reter a água, fortalecer a fiscalização contra desmatamento e incêndios ilegais, além de programas de apoio às comunidades afetadas para garantir o acesso à água potável e também assistência emergencial”, destaca Galvão.
O secretário de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror – AM), Alessandro Cohen, informa que cálculos climáticos dizem que essa seca poderá se prolongar até novembro.
“Porém, evidentemente que se a seca se prolongar por mais dias nós vamos ter cidade completamente ilhadas onde vai afetar a falta do pescado e outros alimentos. Para isso, o governador tem se antecipado com medidas cabíveis, como a liberação de R$ 8 milhões de reais e aquisição de cestas básicas para suprir a necessidade que realmente possa acontecer”, afirma o secretário.
Veja os municípios que decretaram emergência:
- Alvarães
- Amatura
- Anamã
- Anori
- Atalaia do Norte
- Autazes
- Barcelos
- Barreirinha
- Benjamin Constant
- Beruri
- Boa Vista do Ramos
- Boca do Acre
- Borba
- Caapiranga
- Carauri
- Cadeiro Castanho
- Careiro da Várzea
- Coari
- Codajás
- Eirunepé
- Envira
- Fonte Boa
- Guajará
- Humaitá
- Ipixuna
- Iranduba
- Itacoatiara
- Itamarati
- Itapiranga
- Japurá
- Juruá
- Jutaí
- Lábrea
- Manaquiri
- Manaus
- Manicoré
- Maraã
- Maués
- Nhamundá
- Nova Olinda do Norte
- Novo Aripuanã
- Parintins
- Pauini
- Rio Preto da Eva
- Santa Isabel do Rio Negro
- Santo Antônio