Depois da tragédia provocada pelo excesso de chuvas na região Sul, que provocou mortes e deixou desabrigadas milhares de pessoas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os brasileiros foram novamente surpreendidos nos últimos dias com a seca no Setentrião do país. Não é de hoje que a seca e o excesso de chuvas provocam estragos em todo o Brasil.
Um estudo da Confederação Pátrio dos Municípios (CNM) revela que o Brasil já teve mais de R$ 400 bilhões de prejuízos causados por desastres naturais, entre 2013 e 2023. O Rio Grande do Sul, com mais de R$ 67 bilhões; Minas Gerais, com R$ 56 bilhões e Bahia, com mais de R$ 38 bilhões, foram os estados mais afetados pelo problema. De conformidade com o estudo, a seca causou tapume de R$ 307 bilhões de prejuízos em todo o Brasil. Ou seja: a falta de chuvas deu mais prejuízo econômico ao país do que o excesso de chuvas, correspondendo a 76,5% do totalidade.
Para o perito Eduardo Galvão, professor de Políticas Públicas do Ibmec Brasília, os efeitos da seca no Setentrião do país são de diferentes ordens e incluem a queda na economia, devido aos prejuízos no agronegócio, dificuldades de navegação devido à redução dos níveis dos rios, o aumento de incêndios florestais e também perdas no setor pecuário. com o rebanho — e também na pesca.
Soluções
“Para amenizar a situação, o governo deveria implementar medidas como investir em sistemas de irrigação para agricultura, promover o reflorestamento para ajudar a reter a água, fortalecer a fiscalização contra desmatamento e incêndios ilegais, além de programas de apoio às comunidades afetadas para garantir o acesso à água potável”, sugere Galvão. Segundo ele, é preciso ir além da assistência emergencial — que é um primeiro passo a ser oferecido pelos governantes, em tragédias climáticas.
Conforme o estudioso, considerando que as secas e queimadas na região amazônica são problemas repetitivos, que sempre vêm à tona com o passar dos anos, “é muito importante desenvolver políticas de preservação ambiental de longo prazo, para mitigar os efeitos dessas secas, que são recorrentes”.
Problemas diferentes
Outro perito em estudar os resultados econômicos de mudanças climáticas, o professor de Economia do Ibmec William Bagdhassarian, explica que a queda da produção causada pelo excesso de chuvas no Rio Grande do Sul, do ponto de vista “nacional”, é dissemelhante dos problemas causados pela seca no Setentrião do país. “O resultado da seca na região amazônica é também um problema sério, mas atinge mais a população local do que a economia nacional”, avalia Bagdhassarian.
De conformidade com o professor de economia, boa segmento das pessoas que moram no Setentrião tem pouco aproximação a bens e produtos, porque a logística para se chegar a algumas cidades já é naturalmente prejudicada, em épocas “normais”. Para o perito, com pouca logística o problema se agrava ainda mais, por justificação da seca. “Embora seja um problema regionalizado, essas pessoas quando enfrentam a seca acabam num drama social muito grande”.
O professor afirma que “o governo pode e deve ir além de, simplesmente, atender à população com os programas sociais para tentar resgatar a situação dessas pessoas no que se refere à renda”. E complementa:
“Só para a gente lembrar: acabou de ser publicada a MP 1189, que deu subvenção econômica para as empresas do Rio Grande do Sul. Então, provavelmente, se o governo federal quiser, de fato, ajudar o Amazonas, ele pode muito bem soltar uma nova MP focada na região Norte para os efeitos da seca. E, a partir disso. Isso, ele ajuda essas pessoas”.