Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Fórum Animal aponta que os brasileiros se importam com o bem-estar de animais aquáticos, especialmente de peixes.
O estudo teve abrangência nacional, incluindo 112 municípios de regiões metropolitanas e do interior, de diferentes tamanhos, em todas as regiões do Brasil.
A amostra total é de 2.011 entrevistas e é representativa da população brasileira a partir de 16 anos. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas entre os dias 06/11/2023 e 14/11/2023.
Os dados surpreendem: 75% dos entrevistados não tinham conhecimento sobre as práticas, muitas vezes inadequadas, de abate e de bem-estar dos peixes. Porém, uma vez informados, 89% disseram se importar com o bem-estar destes animais.
Além disso, 86% das pessoas afirmaram que deixariam de comprar peixes e produtos de criadores que não tivessem preocupação com o bem-estar dos animais.
Chama a atenção que cinco em cada dez brasileiros (53% dos entrevistados) estariam dispostos a pagar mais caro por produtos com garantia de bem-estar animal.
“Vemos que, embora ainda estejamos engatinhando em mobilização social no Brasil, seja pela causa que for, a opinião dos brasileiros é favorável à proteção animal, em todas as faixas etárias, níveis de escolaridade e classes sociais”, avalia Giulia Simonato, médica veterinária e assessora da iniciativa ProDAA (Proteção e Defesa de Animais Aquáticos), do Fórum Animal.
Diferenças de idade, gênero e classe
Apesar de a pesquisa abranger diferentes níveis de escolaridade, de idade e de renda, cabe notar que o índice dos que declaram se importar com o bem-estar de peixes é maior entre jovens de 16 a 24 anos (95%), seguido dos adultos de 25 a 34 anos (90%).
“São os futuros consumidores que levarão em conta o bem-estar dos peixes antes de realizarem a compra, sendo que 62% deles estão dispostos a pagar mais caro por um produto que ofereça bem-estar aos animais”, pondera Lucas Galdioli, médico-veterinário e gerente da iniciativa ProDAA, do Fórum Animal.
Ao observar diferentes faixas de poder aquisitivo, é possível notar que a classe C se importa mais com o bem-estar dos animais (93%), seguida das classes A/B (91%) e D/E (81%).
“Isso mostra que o brasileiro, mesmo aquele com menor poder de compra, valoriza o bem-estar dos peixes. Isso ajuda a combatermos o mito de que pessoas com menor poder aquisitivo não têm direito a escolher um produto que seja melhor para os animais, para o meio ambiente e para os humanos”, afirma Taylison Santos, Diretor-Executivo do Fórum Animal.
Para o gerente do ProDAA, Lucas Galdioli, os produtores e os varejistas precisam “assumir compromissos públicos que garantam as práticas de bem-estar animal, visto que a sociedade não tolera mais práticas cruéis aos peixes, submetidos ao processo de exploração para o consumo de alimentos”.
Sobre a entidade:
O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal) é uma organização fundada há 23 anos visando reunir ativistas e fortalecer ações para a proteção de todas as espécies animais. Construiu uma rede de apoio a outras ONGs por todo o país, com mais de 100 organizações afiliadas que atuam pela defesa do meio ambiente e a proteção animal, prestando apoio técnico e lutando pelo reconhecimento da senciência e dignidade animal.
É formada por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos-veterinários, pesquisadores, especialistas em marketing, comunicação, gestão de projetos, advogados e biólogos. Com a missão de proteger os animais em todo o país, sem distinção de espécie, trabalhando para que eles sejam respeitados como seres sencientes, e lutando para reconhecer a dignidade animal.
A iniciativa Proteção e Defesa dos Animais Aquáticos (ProDAA) trabalha para estabelecer um relacionamento corporativo eficaz com empresas que comercializam peixes e subprodutos de peixes no Brasil, para propor que incluam de forma permanente em suas operações o bem-estar para esses animais. Como resultado desse relacionamento, queremos que essas empresas se comprometam publicamente a aderir às diretrizes de bem-estar para peixes, de acordo com um tempo máximo de transição, em consonância com a demanda da sociedade e com objetivo final de fornecer aos animais uma melhor qualidade de vida na cadeia produtiva.