O desejo de ter filhos é comum em grande parte da população, mas algumas pessoas podem encontrar dificuldades, seja por infertilidade relacionada a fatores de saúde (como as alterações hormonais), fatores sociais (como a gestação tardia), ou ainda pela opção por produção independente e homoafetividade. As possibilidades para esses grupos fizeram a reprodução assistida crescer muito em todo o mundo e o Brasil acompanha essa tendência. Somente em 2022 foram mais de 97 mil embriões congelados, segundo os dados mais recentes do Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado anualmente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Márcia Mendonça, diretora científica da Clínica Origen BH, explica que a reprodução assistida é um conjunto de técnicas utilizadas pela medicina para auxiliar os pacientes a terem filhos. “Ela funciona pela manipulação de, pelo menos, um dos gametas (espermatozóides e/ou óvulos) e dos meios de fecundação, preparando as condições ideais para que o processo ocorra da maneira planejada. O procedimento pode ser realizado de diversas formas, pois, ao longo dos anos, foram desenvolvidas novas técnicas que se mostraram mais propícias para facilitar a fecundação”, afirma.
Com as novas tecnologias incorporadas ao diagnóstico e ao tratamento, as chances de sucesso aumentam, assim como a segurança da mãe durante todo o processo. “O tratamento, que antes era indicado apenas para casos de infertilidade, agora acolhe pessoas que desejam aguardar o momento certo para se tornarem pais, preservando as chances de indivíduos que precisam se submeter a terapias que possam prejudicar a fertilidade”, complementa Márcia
Técnicas de reprodução assistida mais utilizadas
Relação Sexual Programada/Coito Programado: Nesse método, a parceira usa medicamentos para estimular a ovulação e o processo é acompanhado através da ultrassonografia. Quando o folículo, pequeno cisto que contém o óvulo, atinge o tamanho adequado, uma outra medicação é administrada para que a ovulação ocorra;
Inseminação Intrauterina (IIU) Artificial: São utilizados medicamentos para induzir uma superovulação (2-3 folículos). O crescimento destes folículos é monitorizado através da ultrassonografia. Quando estes atingem o período pré-ovulatório, uma outra medicação é administrada para induzir a ovulação propriamente dita (o óvulo é expulso do folículo). O sêmen é colhido para passar pelo espermograma e preparado em laboratório, de modo que os melhores são selecionados e, então, colocados dentro do útero com ajuda de um tubo fino (cateter) .
FIV (Fertilização in vitro): Para os casais que não obtiveram sucesso após a relação sexual programada ou com a inseminação artificial, ambas consideradas técnicas de baixa complexidade, é recomendado que se submetam à FIV (fertilização in vitro). Essa técnica é também indicada como primeira opção para diversas situações, como endometriose e obstrução das trompas;
Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI): Diferentemente da FIV, nesta técnica, a inseminação (colocação do espermatozóide junto do óvulo) é feita por injeção diretamente dentro do óvulo. Com o auxílio da micromanipuladores e utilizando-se de uma agulha finíssima, o espermatozóide é colocado diretamente no interior do óvulo;
Doação de Óvulos: Essa técnica é indicada para mulheres que não têm ou cuja quantidade de óvulos é muito baixa (além da pouca qualidade). Isso acontece em decorrência da idade, menopausa precoce ou problemas relacionados à quantidade e qualidade de óvulos. A doação é feita por uma mulher desconhecida. Neste caso, recorre-se a óvulos de mulheres com menos de 35 anos, que fazem a doação de maneira sigilosa, sem receber qualquer remuneração. Não há nenhum caráter lucrativo ou comercial. Esses óvulos doados são, então, inseminados com o sêmen do parceiro da receptora e os embriões resultantes serão transferidos para o útero da receptora A receptora usa medicamentos que preparam seu útero para receber o embrião. A fecundação ocorre “in vitro” com os espermatozoides do marido e a taxa de sucesso pode, inclusive, ser superior às obtidas com FIV/ICSI, em vista da qualidade dos óvulos obtidos.
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