A mudança nos hábitos alimentares das famílias brasileiras e o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados resultou em dados preocupantes: 31 em cada 100 crianças, de 0 a 9 anos, apresentam sobrepeso e obesidade moderada ou grave.
Os números representam 31% da população infantil nacional e foram apresentados pelo SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), a partir do levantamento realizado pelo Instituto Desiderata, em 2023. A pesquisa revela ainda, que 85% do público avaliado consome alimentos ultraprocessados.
A nutricionista e docente em cursos de Alimentação Saudável do Senac EAD, Liliane Grein Beuther, explica a preferência do público infantil por esses produtos. “Os alimentos ultraprocessados são realmente muito saborosos porque combinam nutrientes de uma forma que não é possível encontrar na natureza. Ou seja, são feitos para serem irresistíveis”, explica.
Desse modo, para implementar uma cultura de alimentação saudável, os pais precisam promover um ambiente apropriado. Isso inclui oferecer a maior variedade possível de alimentos frescos e caseiros e, claro, consumi-los também, pois as crianças se espelham nas ações dos adultos, e não somente no que eles falam.
“É importante destacar que o hábito alimentar da criança começa a se formar já na gestação, a partir das experiências alimentares da mãe e é consolidado nos primeiros anos de vida. Portanto, seguir as recomendações de não ofertar alimentos doces ou adoçados e alimentos ultraprocessados até os dois anos de idade é fundamental para o aprendizado de uma alimentação saudável” reforça a especialista.
Quais os reflexos de uma dieta pobre em nutrientes?
Inicialmente é preciso esclarecer que a alimentação incorreta é um dos fatores do sobrepeso em crianças, mas existem outros fatores, conforme informado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz): inclinação genética, sedentarismo, distúrbios psicológicos e problemas na convivência familiar.
Retomando as informações sobre a alimentação desequilibrada na infância, a docente do Senac EAD, explica que a maioria dos alimentos ultraprocessados são hiperpalatáveis, ou seja, apresentam altas concentrações de açúcar, gordura, sal e farinha branca.
“Esses produtos são pobres em vitaminas e minerais, resultando no ganho excessivo de peso. As consequências são preocupantes para crianças em fase de desenvolvimento, principalmente em relação ao sistema músculo esquelético, já que afetam o desenvolvimento cognitivo”, alerta a nutricionista.
No entanto, Liliane faz um contraponto sobre o assunto, destacando que carboidratos e gorduras são nutrientes importantes para o bom funcionamento do organismo. A especialista avalia que, na atualidade, existe uma histeria sobre o consumo de proteínas, como se fossem o elemento mais importante para o organismo.
Com esse entendimento, o que precisa ficar claro para os pais ou responsáveis, é que o corpo humano precisa de variedade em alimentos consumidos, mas com moderação na quantidade. Para facilitar a escolha, são divididos em três grupos, elencados a seguir:
• Energéticos: tubérculos, pães, arroz, macarrão, manteiga, azeite de oliva, óleos vegetais;
• Construtores: carnes, ovos, feijões, leite e derivados;
• Reguladores: frutas e verduras.
Vale acrescentar que uma alimentação saudável compreende aspectos culturais, sociais e afetivos. Portanto, crianças e adolescentes precisam de um ambiente apropriado, com diversidade de alimentos e sem imposições ou regras rígidas. Vale lembrar que esses dois últimos fatores despertam gatilhos para futuros transtornos alimentares.
Educação alimentar: por onde começar?
A docente do Senac EAD esclarece que a educação alimentar pode ser definida como a etapa na qual a criança começa a ter contato com alimentos, participando dos horários das refeições e quando for possível, acompanhando o preparo. “Na atualidade, as escolas estão promovendo mais ações voltadas à preparação da comida, o que é muito enriquecedor. No entanto, é fundamental que as crianças tenham essa referência em casa”.
Sobre o início da introdução alimentar, Liliane esclarece que, normalmente, é indicada após o período mínimo de aleitamento materno (6 meses), além de depender de diferentes sinais de desenvolvimento das crianças.
“É necessário respeitar individualidade de cada bebê, mas, os pontos mais comuns são: sentar-se com apoio, capacidade de manter a cabeça firme e ereta ou empurrar os alimentos sólidos com a língua”. Além disso, a especialista reforça que é fundamental seguir a orientação do pediatra ou nutricionista que participa do acompanhamento.
Por último, a docente do Senac EAD compartilha seis dicas valiosas para incentivar crianças e adolescentes a substituírem alimentos hiper palatáveis por opções mais saudáveis. Confira e procure aplicar as informações com as crianças do seu convívio (filhos, sobrinhos e afilhados, por exemplo):
1 – Refrigerante: troque por água saborizada com frutas frescas, chás caseiros gelados sem açúcar, “refrigerante” de gengibre (bebida fermentada caseira) e kombucha.
2 – Frituras: alimentos assados ou grelhados.
3 – Doces com alto teor de açúcar: bolos e sobremesas caseiras adoças com frutas frescas ou desidratadas.
4 – Sorvetes: frutas congeladas e batidas no liquidificador ou processador com iogurte natural ou leite em pó.
5 – Salgadinhos: pipoca caseira com pouco sal, crostini caseiro, rosquinha de polvilho, semente de abóbora temperada com sal, azeite de oliva e páprica, torradas.
6 – Iogurtes industrializados: iogurte natural com frutas ou kefir.
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Aline de Oliveira Silva
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